

Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado na comunidade do subdistrito de Jiaochuan, no distrito de Zhenhai, Ningbo, província de Zhejiang, o projeto responde aos desafios enfrentados por espaços comerciais em embasamentos, pressionados pelas mudanças nos padrões de consumo e pela ascensão do comércio online. Com dificuldade para se manterem viáveis, esses espaços vêm enfrentando estagnação no uso e na manutenção, com os formatos comerciais originais praticamente extintos. A chave para revitalizar essa área está em compreender o perfil demográfico e as necessidades reais dos moradores do entorno. Com uma população majoritariamente composta por idosos e residentes realocados, as principais demandas são voltadas a compras cotidianas e lazer. Para atender a essas necessidades, inserimos um mercado de alimentos frescos e pequenos espaços públicos — pocket parks — no bairro, adotando estratégias baseadas no estilo de vida para trazer nova vitalidade ao local.


“Conexão” é o tema central do projeto. Trata-se não apenas de criar novos vínculos físicos entre a arquitetura redesenhada e a vizinhança existente, mas também de promover conexões entre comerciantes e moradores. Inspirados pelas memórias de infância de mercados rurais — espaços vibrantes e orgânicos onde as interações fluíam naturalmente — buscamos resgatar essa atmosfera acolhedora no contexto urbano. Diferentemente dos mercados padronizados das cidades, esses espaços nostálgicos valorizam a flexibilidade: os vendedores escolhem seus próprios horários e locais, reduzindo tanto a distância física quanto a emocional entre as pessoas.



Para garantir vitalidade comercial sustentável, focamos nas necessidades básicas da vida cotidiana. Reintroduzimos o conceito de “entrada da vila” — um ponto tradicional de encontro social —, redesenhando a rua como um espaço comunitário onde é possível comprar verduras, saborear uma tigela de wontons, tomar sol ou conversar com os vizinhos. Um lugar que irradia energia e vitalidade. Para evitar a rigidez dos mercados fechados, distribuímos “bancas móveis” ao longo da área, permitindo dias de feira livres periódicos. Um pocket park central atende pessoas de todas as idades, oferecendo pausas na rotina — um espaço para permanecer, conversar e cultivar vínculos ao longo do tempo.



As fachadas cinzas originais dos edifícios eram pouco convidativas, mesmo depois da inauguração de novas lojas. A introdução de cores saturadas transformou a rua em um destino visualmente marcante. Uma vez atraídos pelo visual, os visitantes descobrem serviços funcionais do dia a dia, dando origem a uma nova paisagem urbana, viva e orgânica. O projeto constrói essas situações e evidencia essas necessidades, convidando o público a explorar e se engajar com o espaço.


1. Intervenção Mínima. O projeto abrange 770 m² de área comercial locada e 1.000 m² de espaços públicos. Foi executado em duas fases. A primeira, concluída em apenas 25 dias, utilizou 70% de componentes pré-fabricados e 30% de construção no local. Nessa etapa, acrescentamos uma cobertura em balanço de 1,5 metro à fachada original, criando um espaço semiaberto de 3 metros de largura. Essa área coberta conecta as lojas à rua, fomentando microinterações sociais. A Fase 2 introduziu melhorias sutis, como coberturas contra chuva e tampos retráteis nas bancadas de pedra, otimizando conforto e usabilidade com intervenções mínimas.



2. Leveza. As coberturas utilizam grelhas de PRFV (plástico reforçado com fibra de vidro) e vidro laminado, suavizando a luz solar, emoldurando o céu e filtrando ruídos visuais do entorno. Estruturas metálicas em forma de cruz, tensionadas por cabos, garantem leveza estrutural. Os assentos combinam pedra lavada e madeira em formas angulosas e discretas. Recuados em relação ao fluxo principal, esses espaços reduzem a escala da arquitetura e aumentam a sensação de segurança, especialmente para o público idoso. O “espaço negativo” entre lojas e bancos favorece encontros espontâneos.


Reconstrução e Simbiose da Cultura de Bairro e Crescimento Compartilhado - Ao integrar comércio e lazer de forma orgânica, as interações do cotidiano — como comentar sobre a qualidade dos vegetais ou trocar receitas — se transformam em oportunidades de socialização. Desconhecidos tornam-se “vizinhos de vila” e, com o tempo, vizinhos de fato, tecendo vínculos comunitários mais fortes. Espaços outrora abandonados se transformam em bairros vibrantes e abertos. Mais do que renovação arquitetônica, o projeto reconstrói relações simbióticas, transformando o mercado em um espaço não apenas de troca comercial, mas de convivência, conversa e vida em comum.

























